Inflação e juros: mercado ajusta previsões para os próximos anos
Publicado em 02/06/2025 às 14:38

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
A projeção do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — a inflação oficial do país — caiu de 5,5% para 5,46% em 2025, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (2) pelo Banco Central. O relatório reúne semanalmente as expectativas de instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos.
Para os anos seguintes, as estimativas se mantêm estáveis: 4,5% em 2026, 4% em 2027 e 3,85% em 2028.
A projeção para 2025 supera o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — ou seja, entre 1,5% e 4,5%.
Em abril, a inflação ficou em 0,43%, influenciada principalmente pelo aumento nos preços dos alimentos e medicamentos. O índice mostra desaceleração pelo segundo mês consecutivo, após registrar 1,31% em fevereiro e 0,56% em março. No acumulado de 12 meses, o IPCA soma 5,53%, segundo o IBGE.
Juros básicos (Selic)
Para conter a inflação, o Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 14,75% ao ano. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no início de junho, a taxa foi elevada em 0,5 ponto percentual — o sexto aumento consecutivo no atual ciclo de aperto monetário. O movimento reflete pressões inflacionárias ligadas à alta dos alimentos, energia e incertezas no cenário internacional.
O Copom não antecipou possíveis decisões futuras, apenas destacou que o ambiente segue incerto e exigirá cautela tanto para novos ajustes quanto para a manutenção da taxa em 14,75% ao ano.
O mercado projeta que a Selic se mantenha nesse patamar até o fim de 2025. Para 2026, a expectativa é de recuo para 12,5% ao ano, com novas quedas previstas para 10,5% em 2027 e 10% em 2028.
A elevação da Selic tem como objetivo conter a demanda aquecida, o que tende a frear a inflação ao encarecer o crédito e incentivar a poupança. No entanto, taxas mais altas também podem desacelerar a economia. Vale lembrar que, além da Selic, os bancos consideram fatores como inadimplência, custos istrativos e margem de lucro ao definir os juros para os consumidores.
Já a redução da Selic estimula o consumo e a produção, ao baratear o crédito, o que favorece o crescimento da economia, embora possa reduzir o controle sobre a inflação.
PIB e câmbio
A estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 recuou ligeiramente, de 2,14% para 2,13%. Para 2026, a projeção subiu de 1,7% para 1,8%. Em 2027 e 2028, o mercado espera uma expansão de 2% ao ano.
Impulsionada pela agropecuária, a economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, conforme dados do IBGE. Em 2024, o PIB teve alta de 3,4%, marcando o quarto ano consecutivo de crescimento e o melhor desempenho desde 2021, quando cresceu 4,8%.
A previsão para a cotação do dólar é de R$ 5,80 ao fim de 2025. Para o encerramento de 2026, a estimativa é de R$ 5,90.
Fonte: Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil